sábado, 26 de maio de 2012

Religião

Compreender as religiões como espaços, complexos e portadores de contradições, de produção, reprodução e de transformação das relações sociais, em todos os domínios, os do culto, dos símbolos e do saber, e não apenas o da organização religiosa, é um desafio teórico. Assim, é no contexto das relações sociais de sexo, de “raça” e de classe que devem ser analisadas as relações das mulheres com as religiões e das religiões com as mulheres. Em algumas circunstâncias, elas funcionam como forças inovadoras, como um catalisador de mudanças sociais e políticas. Na condição de fiéis as mulheres podem se sujeitar ao poder disciplinar das religiões, mas podem igualmente, pela sua ação, contribuir para a sua mudança.. A propósito da Reforma, Nancy Roelke (cf. ZEMON DAVIS, 1979) vê nas mulheres huguenotes esposas e viúvas de caráter decidido e já extremamente independentes, que encontraram na causa reformada uma oportunidade de ampliar o seu campo de ação. Estes diferentes cenários se inscrevem em situações históricas concretas que não podem ser apreendidas senão através de pesquisas de campo.

Divisão do Trabalho religioso
Os estudos sobre a relação entre as mulheres e as religiões se desenvolveram paralelamente aos estudos feministas em geral. Num primeiro momento, a crítica das religiões foi desenvolvida num plano político e militante; as feministas lançaram então contra elas um anátema radical: elas eram um dos instrumentos mais eficazes de controle das mulheres e de manutenção da sua subordinação. As pesquisas posteriores, mais analíticas e apoiadas numa base empírica, aplicaram nesse campo os conceitos e os métodos desenvolvidos por pesquisadoras feministas. Elas revelaram os vínculos contraditórios e ambíguos que existem entre a organização religiosa e as mulheres, como em todas as instituições sociais.

Maria José F. Rosado Nunes

In: HIRATA, Helena; et al. Dicionário Crítico do Feminismo. São Paulo: Editora UNESP. 2009. p.213-217

Débora

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