É claro que, se por
origem entendemos um primeiro começo absoluto, a questão nada tem de científica
e deve ser resolutamente afastada. Não existe um momento radical em que a
religião tenha começado a existir e não se trata de encontrar um meio que
permita que os transportemos até ali pelo pensamento. Como toda instituição
humana, a religião não começa em parte alguma ... o problema que nos colocamos
é bem outro o que queremos é encontrar um meio de discernir as causas, sempre
presentes de que dependem as formas mais essenciais do pensamento e da prática
religiosa (Durkheim, 1912, p. 36).
Sabemos, desde há muito
tempo, que os primeiros sistemas de representação que o homem produz no mundo e
de si mesmo são de origem religiosa. Não há religião que não seja, ao mesmo
tempo, a cosmologia e a especulação sobre o divino. Se a filosofia e as
ciências nasceram da religião é porque a própria religião fazia às vezes
ciência e de filosofia. Mas o que foi menos observado é que ela não se limitou
a enriquecer, como certo número de idéias, um espírito previamente formado; ela
contribuiu para formá-lo. Os homens não lhe deveram apenas grande parte da
matéria dos seus conhecimentos, mas a forma pela qual estes conhecimentos foram
elaborados (Durkheim, 1912 p. 38).
Durkheim, E. (1983). Formas elementares da vida religiosa. Os Pensadores, São Paulo: Ed. Abril.
Durkheim, E. (1983). Formas elementares da vida religiosa. Os Pensadores, São Paulo: Ed. Abril.
Maria Brum
Nenhum comentário:
Postar um comentário