quarta-feira, 9 de maio de 2012

As formas elementares da vida religiosa


É claro que, se por origem entendemos um primeiro começo absoluto, a questão nada tem de científica e deve ser resolutamente afastada. Não existe um momento radical em que a religião tenha começado a existir e não se trata de encontrar um meio que permita que os transportemos até ali pelo pensamento. Como toda instituição humana, a religião não começa em parte alguma ... o problema que nos colocamos é bem outro o que queremos é encontrar um meio de discernir as causas, sempre presentes de que dependem as formas mais essenciais do pensamento e da prática religiosa (Durkheim, 1912, p. 36).
Sabemos, desde há muito tempo, que os primeiros sistemas de representação que o homem produz no mundo e de si mesmo são de origem religiosa. Não há religião que não seja, ao mesmo tempo, a cosmologia e a especulação sobre o divino. Se a filosofia e as ciências nasceram da religião é porque a própria religião fazia às vezes ciência e de filosofia. Mas o que foi menos observado é que ela não se limitou a enriquecer, como certo número de idéias, um espírito previamente formado; ela contribuiu para formá-lo. Os homens não lhe deveram apenas grande parte da matéria dos seus conhecimentos, mas a forma pela qual estes conhecimentos foram elaborados (Durkheim, 1912 p. 38).

Durkheim, E. (1983). Formas elementares da vida religiosa. Os Pensadores, São Paulo: Ed. Abril.

Maria Brum

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