Integrante de Católicas pelo Direito de Decidir, Dulce Xavier conta como é levar para as igrejas o debate a respeito da liberdade e da autonomia sobre o corpo e a sexualidade, em especial para as mulheres.
Mãe coruja de duas filhas, católica, colaboradora da fundação de um santuário. Feminista, integrante de uma organização que luta pela autonomia das mulheres sobre o corpo e a sexualidade, secretária-executiva das Jornadas pelo Direito ao Aborto Legal e Seguro. Características que, à primeira vista, parecem excludentes ajudam a definir Dulce Xavier, da organização não governamental Católicas pelo Direito de Decidir. O ano de 2008, para essa socióloga paulista nascida em Penápolis, de 53 anos, está sendo marcado por muito trabalho. Igreja e outros setores conservadores da sociedade lutam para reduzir ainda mais o direito das mulheres sobre seu corpo, colocando em risco avanços já conquistados há décadas, como a garantia ao aborto legal em casos de gravidez decorrente de estupro. O argumento é sempre o mesmo: proteção à vida do nascituro. Numa instituição inter-religiosa, desde 1998, Dulce aparece nesse contexto como uma voz dissonante e, por isso mesmo, é alvo de críticas. "Se é católica, não pode ser pelo direito de decidir", dizem.
Para responder a essa tentativa de desqualificação, ela afirma que religião, autonomia de pensamento e luta por garantia de direitos caminham juntas na vida cotidiana. "A crítica sobre a integração entre os ideais cristãos e os feministas parte daqueles que aceitam a idéia de que há um só pensamento na Igreja Católica", diz. As feministas - destaca - buscam a igualdade entre homens e mulheres, a dignidade, o respeito aos direitos humanos. "Esses são também princípios perseguidos por grupos e pastorais comprometidos com novas formas de viver a espiritualidade, buscando ideais similares aos feministas, que não se chocam, mas se complementam", analisa.
Debora
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